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Mensagem por House of Night 21/12/2011, 6:59 am

Capítulo 5 [Marcada]


O caminho para o penhasco sempre foi íngreme, mas eu subi um zilhão de vezes, com e sem a vovó e eu nunca me senti assim. Não era mais apenas a tosse. Não era mais os músculos
doloridos. Eu estava tonta e meu estomago estava tão ruim que me lembrava de Meg Ryan naquele filme French Kiss: Segredos do coração depois que ela comeu todo aquele queijo e
teve aquela intolerância a lactose. (Kevin Kline é muito fofo nesse filme – bem, para um cara velho.)
E meu nariz estava escorrendo, e eu não quero dizer só um pouco. Eu quero dizer, eu estava limpando o nariz na manga do meu casaco (nojento). Eu não conseguia respirar sem abrir
minha boca, o que me fez tossir mais, e eu não conseguia acreditar no quanto meu peito doía!
Eu tentei lembrar o que é que matava oficialmente quem não completava a Mudança em um vampiro. Eles tinham ataques cardíacos? Ou era possível que eles tossissem e seus narizes
escorressem até a morte?
Pare de pensar sobre isso!
Eu preciso encontrar Vovó Redbird. Se a vovó não tiver as respostas, ela vai descobrir. Vovó Redbird entende as pessoas. Ela disse que é porque ela não perdeu totalmente sua herança
Cherokee e o conhecimento tribal de seus ancestrais as Mulher Sábias que ela carregava no sangue. Até mesmo agora eu sorri ao pensar sobre quando o rosto da vovó franze toda a vez
que o assunto é o padrasto-perdedor (ela é a única adulta que sabe que eu chamo ele assim).
Vovó Redbird disse que é obvio que o sangue das Mulheres Sábias pulou a filha dela, mas só porque ele foi poupado para me dar uma dose extra de mágica Cherokke antiga.
Quando era criança eu subi esse caminho segurando a mão da vovó mais vezes do que eu era capaz de contar. No meio da grama alta e das flores selvagens colocávamos uma colorida
toalha e fazíamos um piquenique enquanto a vovó me contava histórias das pessoas Cherokee e me ensinava a linguagem misteriosa deles. Enquanto eu andava pelo caminho aquelas
histórias antigas pareciam dar voltas dentro da minha cabeça, como fumaça de um fogo cerimonial... incluindo a triste história de como as estrelas se formavam quando um cão era
pego roubando milho e a tribo o matava. Enquanto o cão uivava para sua casa no norte, a comida se espalhava pelo céu e fazia a mágica da Via Lactea. Ou como o Grande Falcão fez as
montanhas e vales com suas asas. E meu favorito, a história sobre a jovem mulher sol que viveu no leste, e seu irmão, a lua que vivia a oeste, e o Redbird que era a filha do sol.
“Isso não é estranho? Eu sou uma Redbird e uma filha do sol,mas estou me tornando um monstro da noite.” Eu me ouvi falar em voz alta e estava surpresa por minha voz soar tão
fraca, especialmente quando minhas palavras pareciam ecoar ao meu redor, como se estivesse sendo vibradas como um tambor.
Tambor...
Pensar na palavra me fazia lembrar dos debates que vovó tinha me levado quando era pequena, e então, meus pensamentos de algum jeito tomaram vida na memória, e eu acabei
ouvindo o bater dos tambores cerimoniais. Eu olhei ao redor, apertando os olhos contra a luz mais fraca do dia. Meus olhos estavam atordoados e minha visão estava toda errada. Não
havia vendo, mas a sombra das pedras e arvores pareciam estar se movendo...se esticando... me alcançando.
“Vovó estou com medo...” eu chorei entre uma crise de tosse.
O espírito da terra não precisa ser temido Zoeybird.
“Vovó?” Eu ouvi a voz dela me chamando pelo meu apelido, ou era um daqueles ecos estranhos vindos da minha memória? “Vovó!” eu chamei de novo, e então fiquei parada
tentando ouvir uma resposta.
Nada. Nada a não ser o vento.
U-no-le…a palavra Cherokee para vento passou pela minha mente como um sonho meio esquecido.
Vento?Não, espera! Não havia nenhum vento um segundo atrás, mas agora eu tinha que segurar o chapéu com uma mão e tirar o cabelo que estava sendo jogado selvagemente para o
meu rosto com a outra mão. E então no vento eu os ouvi – o som de muitas vozes Cherokee cantando junto com os tambores cerimoniais. Através de um véu de cabelo e lagrimas eu vi
fumaça. O cheiro doce de madeira encheu minha boca aberta e eu senti o gosto das fogueiras dos meus ancestrais. Eu me afoguei, lutando para recuperar o fôlego.
E então eu os senti. Eles estavam ao meu redor, formas quase visíveis tremulando como ondas de calor se levantando do asfalto no verão. Eu podia sentir eles se pressionarem contra mim
enquanto se movimentavam com graciosidade, passos intricados ao redor da imagem da fogueira dos Cherokee.
Se junte a nós, u-we-tsi a-ge-hu-tsa...Se junte a nós, filha... Fantasmas Cherokee... me afogando nos meus próprios pulmões... e brigando com meus
pais.... minha vida antiga acabada... Era demais. Eu corri. Eu suponho que o que eles nos ensinam em biologia sobre a adrenalina tomar conta durante
todo aquele negocio de lutar-ou-lutar é verdade porque embora meu peito parecesse que iria explodir e parecesse que eu estava tentando respirar debaixo da água, eu corri pela trilha
como se houvesse lojas no shopping dando sapatos de graça.
Procurando por ar eu continuei a subir cada vez mais – lutando para me afastar do espírito assustador que estava ao meu redor como nevoa, mas ao invés de deixar eles para trás eu
parecia estar correndo cada vez mais para dentro do mundo da fumaça e sombras. Eu estava morrendo? Era isso que estava acontecendo? Era por isso que eu podia ver fantasmas? Onde
estava a luz branca? Completamente apavorada, eu corri, jogando meus braços para cima de forma selvagem como se eu pudesse segurar o terror que estava me perseguindo.
Eu não vi a raiz que estava no meio do caminho. Completamente desorientada eu tentei me segurar, mas todos os meus reflexos desapareceram. Eu cai com força. A dor na minha cabeça
era afiada, mas durou apenas por um segundo antes da escuridão em engolir.
Acordar foi estranho. Eu esperei que meu corpo doesse, especialmente meu coração e peito, mas ao invés da dor eu senti... bem... eu me senti bem. Na verdade, eu me sentia melhor que
bem. Eu não estava tossindo. Meus braços e pernas estavam incrivelmente leves, e quentes, como se eu tivesse acabo de entrar numa banheira de hidromassagem em uma noite fria.
Huh?
A surpresa me fez abrir os olhos. Eu estava vendo uma luz, que milagrosamente não fez meus olhos doerem. Ao invés da luz do sol, isso era mais como a suave luz de uma vela que parecia
estar descendo. Eu sentei, e percebi que estava errada. A luz não estava descendo, eu estava subindo!
Eu vou para o céu. Bem, isso vai chocar algumas pessoas.
Eu olhei para baixo e vi meu corpo!Eu ou aquilo ou...ou...tanto faz estava deitado perto da ponta do penhasco.Meu corpo estava bem parado. Minha testa estava cortada e estava
sangrando bastante. O sangue pingava no chão rochoso, fazendo uma trilha de lagrimas vermelhas caírem no coração do penhasco.
Era incrivelmente estranho olhar para mim mesma. Eu não estava com medo. Mas eu deveria, não deveria? Isso não significava que eu estava morta? Talvez eu fosse capaz de ver os
fantasmas Cherokee melhor agora. Até essa idéia não me assustava. Na verdade, ao invés de ter medo era mais como se eu fosse uma observadora, e nada disso pudesse realmente me
tocar. (Que nem aquelas garotas que transam com todo mundo e acham que não vão ficar grávidas ao pegar uma DST que come seu cérebro e tal. Bem, vamos ver em 10 anos, não é?)
Eu gostei do jeito que o mundo parecia, brilhante e novo, mas era meu corpo que continuava a chamar minha atenção. Eu flutuei perto dele. Eu estava respirando rápido e superficialmente.
Bem, meu corpo estava respirando assim, não que não fosse eu. Eu/ela estava pálida e seus lábios estavam azuis. Hey! Rosto branco, lábios azuis, e sangue vermelho! Vai dizer que eu não
sou patriota?
Eu ri, e percebi o quão incrível era! Eu jurava poder ver minha risada flutuar ao meu redor como aquelas coisas fofas que você sopra de um dente de leão, só que ao invés de ser branco
era bolo-de-aniversário-de-cobertura-azul. Wow! Quem diria que bater a cabeça e desmaiar seria tão divertido? Eu me perguntei se isso era como quando alguém estava alto.
A risada estilo dente de leão sumiu e eu podia ouvir o barulho de água corrente. Eu me movi mais para perto do meu corpo, percebendo que o que eu pensei que fosse uma ferida no solo
na verdade era uma rachadura estreita. A água parecia estar vindo dali. Curiosa, eu espiei para baixo, e a brilhante linha prateada de palavras saíram da rocha. Eu me esforcei para ouvir, e fui
recompensada por um fraco, sussurro de um som prateado.
Zoey Redbird...venha até mim...
“Vovó!” Eu gritei para dentro da abertura. Minhas palavras eram púrpura enquanto enchiam o ar ao meu redor. “É você, Vovó?”
A mistura prateada com o purpura da minha visível voz, tornaram as palavras em um brilhante púrpura azulado. Era um pressagio! Um sinal! De alguma forma, como os guias espirituais do
povo Cherokee tinham acreditado por séculos, a Vovó Redbird estava me dizendo que eu tinha que entrar na rocha.
Sem hesitar, eu entrei na abertura, seguindo a trilha do meu sangue e a memória prateada dos sussurros da minha avó até que eu cheguei no chão suave de uma espécie de caverna. No
meio do lugar uma pequena corrente de água borbulhava, dando pedaços visíveis de som, claro e coloridos como um vidro. Misturado com a cor escarlate do meu sangue iluminava a
caverna com uma luz fraca que era da cor de folhas secas. Eu queria sentar perto da água borbulhante e deixar meus dedos tocarem o ar ao redor e brincar com a textura da musica,
mas a voz me chamou de novo.
Zoey Redbird... me siga para o seu destino...
Então eu segui a corrente até o chamado da mulher. A caverna se estreitou até se tornar um túnel arredondado. Eu segui as curvas, em uma espiral gentil, terminando bruscamente numa
parede que estava cheia de símbolos encravados que pareciam familiar e alien ao mesmo tempo. Confusa, eu vi a corrente bater na parede e desaparecer. E agora? Eu deveria seguir?
Eu olhei de volta para o túnel. Nada ali a não ser luzes dançantes. Eu me virei para a parede e senti um choque eletrico. Whoa!Tinha uma mulher sentada com as pernas cruzadas na frente
da parede! Ela estava usando um vestido branco que estava cheio dos mesmos símbolos que estavam na parede atrás dela. Ela era fantasticamente bonita, com um cabelo longo e liso tão
preto que parecia ter luzes azuis e e púrpura, como a asa de um corvo. Os lábios dela se curvaram quando ela falou, enchendo o ar entre nos com o poder prateado de sua voz.
Tsi-lu-gi U-we-tsi a-ge-hu-tsa.Bem vinda, Filha. Você fez muito bem.
Ela falou em Cherokee, e embora eu não praticasse a língua nos últimos anos eu entendi as palavras.
“Você não é minha avó!” eu falei, me sentindo constrangida e deslocada enquanto minhas palavras se juntavam a ela fazendo padrões de brilhantes flores no ar ao nosso redor.
O sorriso dela era como o sol nascente.
Não, Filha, eu não sou, mas eu conheço Sylvia Redbird muito bem. Eu respirei fundo. “Estou morta?
Eu estava com medo dela rir de mim, mas ela não riu. Ao invés disso os olhos negros dela eram suaves e preocupados.
Não, U-we-tsi a-ge-hu-tsa.Você está longe de estar morta, embora seu espírito temporariamente tenho sido libertado para andar pelo reino de Nunne 'hi.
“As pessoas de espírito!” Eu olhei ao redor do túnel, tentando ver rostos entre as sombras.
Sua avó te ensinou bem, u-s-ti Dotsu-wa…pequena Redbird. Você é uma única mistura do Jeito Antigo e o Novo Mundo – um antigo sangue tribal e o coração dos estrangeiros.
As palavras dela me fizeram sentir frio e calor ao mesmo tempo. “Quem é você?” eu perguntei.
Eu sou conhecida por muitos nomes...Changing Woman,Gaea, A'akuluujjusi, Kuan Yin, Grandmother Spider, e até mesmo Dawn…
Enquanto ela falava cada nome seu rosto era transformado então eu estava tonta com o poder dela. Ela deve ter entendido, porque ela parou e sorriu para mim, e seu rosto voltou para a
mulher que eu vi primeiro.
Mas você, Zoeybird, minha Filha, pode me chamar pelo nome que seu mundo me conhece hoje, Nyx.
“Nyx,” minha voz era quase um sussurro. “A deusa vampira?”
“Na verdade, foram os gregos antigos tocados pela Mudança que me adoraram primeiro como a mãe que eles procuraram em sua Noite sem fim. Eu fiquei satisfeita de chamar os
descedentes deles de meus filhos a muitos séculos. E, sim, no seu mundo esses filhos são chamados de vampiros. Aceite o nome, U-we-tsi a-ge-hu-tsa;e você encontrará seu destino”.
Eu podia sentir a Marca queimando na minha testa, e de repente eu queria chorar. “Eu- eu não entendo. Encontrar meu destino? Eu só quero encontrar um jeito de lidar com a minha nova
vida – de fazer tudo ficar bem. Deusa, eu só quero encontrar meu lugar. Eu não acho que sou capaz de encontrar meu destino.”
O rosto da deusa ficou suave de novo, e quando ela falou a voz dela era como a da minha mãe, mas mais – como se ela tivesse de algum jeito juntado todo o amor maternal do mundo em
suas palavras.
“Acredite em si Zoey Redbird. Eu Marquei você como uma igual. Você será minha primeira verdadeira U-we-tsi a-ge-hu-tsa vhna-i Sv-no-yi... Filha da noite...nessa época. Você é especial.
Aceite isso sobre si e você ira começar a entender que a um verdadeiro poder em sua exclusividade. Em você é combinada o mágico sangue de antigas e Sábias Mulheres e Anciões,
assim como um profundo entendimento do mundo moderno.”
A deusa levantou e andou graciosamente em minha direção, a voz dela fazendo símbolos prateados de poder no ar ao nosso redor. Quando ela me alcançou ela limpou as lagrimas da
minha bochecha antes de colocar meu rosto em suas mãos.
Zoey Redbird, Filha da Noite, eu nomeio você meus olhos e ouvidos no mundo hoje, um mundo onde bem e mal estão lutando para encontrar balanço.
“Mas eu tenho 16 anos!Eu nem consigo fazer baliza! Como eu vou saber ser seus olhos e ouvidos?”
Ela apenas sorriu serenamente. Você é velha além da sua idade, Zoeybird. Acredite em você mesma e você encontrara um jeito. Mas lembre-se, a escuridão nem sempre equivale ao mal,
assim como a luz nem sempre trás o bem. Então a deusa Nyx, a antiga personificação da Noite, se inclinou e me beijo na testa.
E pela terceira vez naquele dia, eu desmaiei.
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